Queria apenas poder ter-te aqui, apenas poder ver-te, apenas poder sorrir-te, poder abraçar-te...apenas poder falar-te dos meus segredos, do meu dia, do meu problema...
estilhaços é um espectáculo sobre o que insistentemente invade o campo do visível e se furta ao olhar de quem o quer ver: o acontecimento da violência, em espaço doméstico, familiar, privado, íntimo.
Como nasce um gesto que violenta o outro? Como se desenha, como se constrói, como evolui, como acaba, como renasce? Por uma palavra, por um silêncio, por um objecto, por um olhar, por uma presença, por uma ausência, por um sopro, um ruído, uma respiração? Onde actua esse gesto? Onde se inscreve? No corpo e na pele que define? Ou mais além do corpo e da própria pele? Na cabeça, no coração?
A violência doméstica é um rasgão que estilhaça quem nela se vê envolvido e na sua prisão se vê acorrentado. Sem mordaças, nem amarras que circulam no mundo. Na casa. No corpo. (...)
ESTILHAÇOS, no âmbito do Dia Internacional para Eliminação da Violência Contra a Mulher 24 e 25 de Novembro TAGV
Criação colectiva da Cooperativa Bonifrates direcção, encenação e dramaturgia João Maria André
Vale a pena ver e parar para pensar sobre de que é feito o Homem.
Um dia a areia branca Teus pés irão tocar E vai molhar seus cabelos A água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir Pra ver você chegar E ao se sentir em casa Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Uma história pra contar De um mundo tão distante Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Um soluço e a vontade De ficar mais um instante
As luzes e o colorido Que você vê agora Nas ruas por onde anda Na casa onde mora
Você olha tudo e nada Lhe faz ficar contente Você só deseja agora Voltar pra sua gente
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Uma história pra contar De um mundo tão distante Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Um soluço e a vontade De ficar mais um instante
Você anda pela tarde E o seu olhar tristonho Deixa sangrar no peito Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você Chegando num sorriso Pisando a areia branca Que é seu paraíso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Uma história pra contar De um mundo tão distante Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Um soluço e a vontade De ficar mais um instante