Devíamos ser
sempre crianças, porra!
A simplicidade de
um sorriso ao receber um doce.
Fazer das cerejas
brincos.
Colar a boca nos
vidros. As caretas.
Atirar pedras ao
rio.
Sujar as mãos de
terra, de tinta, de cola.
A magia de um balão no céu.
O carinho no olhar ao ver aquela miúda que não
sabe que transforma a nossa barriga num campo de borboletas.
A imaginação de
quem corre campos de futebol e é sempre campeão.
A diversão com
uns simples saltos numa corda ou elástico.
A ingenuidade nas
palavras, nas perguntas (quase) sempre desconfortáveis para os adultos.
Os abraços
sentidos até ao peluche.
O interminável
desejo de que a brincadeira se prolongue no tempo.
A agilidade na
resolução de problemas que, na verdade, nem chegam a ser problemas.
A partilha de uma
goma, de um gelado, da caderneta do campeonato de futebol.
A oficialização
de um amor num pedacinho de papel.
O doce entrelaçar das mãos refugiadas por um casaco no banco do jardim, no banco do autocarro.
Crescemos. Perdemos
tudo. Porque é que não somos sempre crianças, porra?