quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Most things never happen...

(...)

É verdade que, por vezes, me esqueço de contar as coisas boas que se cruzam comigo. Mas quem é que se lembra do que lhe corre bem? Haverá coisa mais estúpida do que uma pessoa contentinha, ostentando o sorriso beato de quem está em sintonia com Deus e com o mundo? Aliás, toda a boa literatura, todo o bom teatro e todo o bom cinema são sobre a dor e a aflição, não sobre o prazer a alegria. Em poucas palavras: só a infelicidade tem valor, só dela brotam a filosofia e a arte.

(...)

Há quem diga que nem tudo é culpa dos outros. Uma parte poderia vir de mim. Também neste caso há um argumento que vale a pena ter em conta. Larkin bem lembrou que "most things never happen...". O problema é exactamente esse: é indiferente que as coisas sejam boas ou más. A tragédia é que não acontecem. E não se sabe porquê. A minha ansiedade é uma consequência, não é uma causa."




In Vida Moderna
Maria Filomena Mónica

Sem comentários:

Enviar um comentário