terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Devagar

Se o vento não mudar
Vou dar até sentir
Que há uma razão
Para crer que é bem melhor existir
Eu sei
Não vejo a luz em mim
Tão pouco em mais alguém
Só quis tocar o céu
Não quero mal a ninguém
Eu sei
Diz-te a canção do medo
Vê-se um dia o tempo não vos traz
Mas perde a noção do tempo

Quando eu amo é sempre devagar



Devagar - Ornatos Violeta 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Carta a um inquilino


Sr inquilino, 

Compreendo que os compartimentos sejam grandes e o espaço confortável. Sei que se trata de um lugar seguro, reconfortante, quente mas parece-me pouco justo que não pague a sua renda. Seis meses! Foram seis meses sem pagar renda. Os tempos são difíceis, sei que a sua situação atual não é a melhor mas como deve entender a minha também começa a deteriorar-se em detrimento da sua. Tenho todo o gosto que seja meu inquilino, é cuidadoso, simpático, amável, há alturas em que faz algum barulho mas nada de muito grave a apontar-lhe. Há uns dias pagou parte da renda mas eu preciso da totalidade. 

Sabe, os tempos também estão difíceis para mim. Agora não consigo pagar os estragos que fez durante estes meses. Quem vai pagar a despesa da pintura? A luz não funciona, está tudo escuro, estou em crer que estragou a rede elétrica. Já agora, não devia ter colocado a música tão alta. Andou a dar-me música estes meses todos e eu a pensar que era um bom inquilino. 


Tudo isto me leva a pedir-lhe que arrume tudo o que tem, música, sofá, cama, objetos e saia imediatamente. Aproveite e leve também os seus sonhos e as promessas de pagamento de rendas em atraso. Leve tudo e se um dia pensar em voltar, certifique-se que vai conseguir pagar a renda. Prometo não cobrar-lhe os juros mas pelos menos pague o que é devido, o que é justo. Afinal, creio não ter falhado como senhoria.

Assim que sair encoste só a porta, pelo barulho ensurdecedor que ouvi no outro dia já não deve fechar muito bem. É a primeira coisa que vou fazer quando sair, compor a porta, aproveito e mudo-lhe a fechadura. Sabe, apetecia-me vender este “espaço” confortável, confesso, mas não posso viver sem ele, afinal é ele quem bombeia o meu sangue e me permite estar aqui. Talvez o próximo inquilino seja mais cuidoso. Para já, fica em manutenção.


Obrigada! 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O querer...

Quero a luz do dia ao teu lado. 
Quero o abraço quente em manhãs frias. 
Quero o sorriso ao acordar, a lembrança a meio dia. 
Quero as saudades. 
Quero o aperto, o desejo de te ter, de te ver, de te abraçar apenas. 
Quero gargalhadas, quero limpar lágrimas. 
Quero o aconchego do teu colo. 
Quero viver tudo. 
Quero imaginar-nos amanhã, depois e depois.  
Quero ter-te hoje, amanhã, depois e depois. 
Quero não ter medo da tua carícia, não ter medo das mãos dadas. 
Quero andar por aí e não fazer nada acompanhada. 
Quero tardes de amor e noites de paixão. 
Quero um sopro no coração, um beijo no coração. 
Quero sentir os meus e os teus batimentos cardíacos. 
Quero o meu coração a correr desenfreadamente. 
Quero chorar na partida e apertar na chegada. 
Quero o mundo, percorrer e perder-me no mundo contigo. 
Quero o mundo só para nós. 
Quero aquele “click” no meio da multidão. 
Quero a luz da tua aparição. 
Quero o hoje, o amanhã, o depois e depois, contigo. 
Onde estás?  

sábado, 8 de junho de 2013

Amar não tem hora marcada

Acordas de peito apertado, sufocado pela agitação de pesadelos que te invadiram o sono pela noite fora. Acordas e o primeiro impulso que tens é procurar pelos braços que te fecham no encaixe perfeito do abraço. A cama está vazia, quente, mas vazia.

- Onde estás que não te encontro?

Hoje não estás. Hoje não podes. Mas hoje queria encontrar-te neste emaranhado de lençóis, queria contigo lutar contra a preguiça matinal que teima em aparecer nestes dias cinzentos. Queria contigo perder essa luta e prolongar a "ronha" de domingo. Não estás.
A muito custo levantas o corpo atordoado da cama e começas a dar os primeiros passos do dia. Acordas e o batimento cardíaco continua acelerado. Acordas, caminhas e o desejo é de caminhares por outros trilhos, partires à descoberta de outros cantos e recantos deste pedaço de terra.

- Onde estás? Quero desbravar o mundo contigo hoje!

Não estás, não podes. Amanhã, talvez.


- Sabes, amar não tem hora marcada. A vontade de um abraço não tem hora marcada, a necessidade de um carinho não tem hora marcada. Quero o amor, o abraço, o carinho sem hora marcada. Porque a minha vontade, a minha necessidade, o meu querer não mandam aviso prévio. Fica sem hora para ir, volta sempre ao meu encaixe...Pela manhã, pela tarde, pela noite, sem hora marcada.  

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A viagem

Vai, vive e voa nas asas da tua liberdade! Parte à descoberta, entrega-te ao desconhecido, atravessa mares, céus, terras...Vai! Mergulha nas profundezas do mundo, desse mundo que clama por ti. Vai e sente todos os odores, prova todos os sabores, enche a alma de recordações. Observa todos os detalhes, caminha por todas as ruas, sorri a cada sorriso, vive todas as vidas. Vai e respira a cultura, a tradição, a calmaria e a agitação de cada lugar. Vai e faz desses detalhes os retalhos da tua história. Vai, e a cada fim de viagem traça um novo destino. Vai porque o mundo é imenso e chama por ti. Então, vai, vive e voa nas asas da tua liberdade... 



5 de maio de 2013 (22h30)
Aeroporto di Bergamo (Milano-Italia)

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ensina-me!

Ensina-me a não lembrar-te. Não é a ti, é à tua ausência! Ensina-me a não ter-te por perto, a não ter o abraço, o colo, o mimo. Ensina-me a sorrir de cada vez que eu olhar o teu lugar vazio à mesa, no sofá, na cama. Está vazio, na casa, no peito, no caminho...então, ensina-me a preenchê-lo. Ensina-me a não chorar de cada vez que me lembro de ti. Ensina-me a não procurar-te pela casa toda. Ensina-me a não lembrar-te a cada gesto, a cada objeto, a cada esquina...De que me valem as lembranças se elas não abraçam, não dão colo, não mimam?
Já se passou um mês e ainda te procuro, te choro e te sinto como um vazio. 
Ensina-me, por favor! Ensina-me que eu quero aprender. 


À mãe, à avó , à amiga...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Uma questão de semântica

"- Gosto de ti, mas não te amo - concluiu ele. - Mas o amor só atrapalha - acrescentou. Ela foi à casa de banho buscar a escova de dentes e os cremes. Tirou do armário a roupa que tinha levado para casa dele, enfiou tudo na mala que estava há três meses debaixo da cama e, muda, dirigiu-se para a porta. Ele seguiu-a, perplexo. - Amo-te, mas não gosto de ti - respondeu ela, entregando-lhe a chave de casa."

Tânia Ganho, 
autora de "Mulher-Casa", edições Porto Editora

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

2012

Janeiro - O início do fim
Fevereiro - Defesa da tese
Março - Paris
Abril - I Fórum ANFPT
Maio - Diversão
Junho - O reencontro
Julho - Se o arrependimento matasse...
Agosto - Suiça
Setembro - Regresso às origens
Outubro - Desilusão
Novembro - Agitação
Dezembro - Família

2013, que venhas mais cheio de sorrisos...