segunda-feira, 21 de novembro de 2011

No sentido Porto para um Porto sentido


O cinzento do céu e a frieza do tempo que se faz sentir neste dia de Novembro dissipam-se com o rasgar de um sorriso e de um cumprimento caloroso. Se ao inclinar a cabeça o ar é bucólico, uma ligeira observação prende a minha atenção para me lembrar que, apesar do céu cinzento, cor é o que não falta. São cores quentes aquelas das pequenas construções empilhadas junto ao rio. Amarelo, azul, vermelho vestem uma paisagem urbana forte, ímpar.

Um pregão que soa, vozes mais altas que impossibilitam o silêncio.

Por altura de verões quentes a agitação reinava, hoje, ainda que menos movimentada por passantes deslumbrados, a cidade permanece com o mesmo sorriso rasgado, com o mesmo cumprimento caloroso.

A pronúncia acentuada, por vezes rude, trepida de cada rua, cada beco, cada recanto desta cidade, lembrando que a língua, como a gente, é vincada.

Dou por mim de corpo e pensamentos inertes, apenas extasiada pelos sorrisos, pelo cumprimento caloroso, pelas cores, pelo pregão e vozes que soam mais alto, pela pronúncia da cidade.

Sentada nesta margem vou bebendo em pequenos tragos, como se de um cálice de vinho fino se tratasse, cada pedaço deste pedaço de terra. Sentada nesta margem, vou ouvindo histórias, aquelas que o rio me quer contar.


Foto: da autora

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quando o telefone toca

Uma tarde de Outono. Não parece! Este ano o Verão prolongou-se e mostra não querer adormecer.
A tarde era prevista de concentração, mas eis que o telefone toca. Do lado de lá incertezas, dúvidas, suspiros e frases curtas que se foram intercalando com longos momentos de pausa, de silêncio. Do lado de cá perguntas, palavras, conselhos e uma tentativa de que a calma reinasse. Tentativa falhada!
O que era tranquilidade transformou-se num acordar de incertezas, dúvidas e suspiros que também existiam do lado de cá...
Ser humano confuso, em busca da vida perfeita que nem ele sabe definir.
Caminho e procuro restabelecer os níveis de ansiedade. Vejo gente que se movimenta freneticamente. Nem parece Domingo! Procuro um espaço não tão agitado. Encontro. A correria dá lugar ao canto dos pássaros que ainda não se despediram do Verão, às poucas vozes da adolescência, aos carros que por aqui passam.
Consigo, finalmente, respirar fundo e aliviar a pressão. Sentir o ar que corre num final de tarde de Outubro, ver o sol que se esconde lentamente e que, hoje, permite que o olhem de frente mais nitidamente são os calmantes mais do que perfeitos para um Domingo em que um simples telefonema baralhou o corpo e a mente. Regresso a casa.