segunda-feira, 21 de novembro de 2011

No sentido Porto para um Porto sentido


O cinzento do céu e a frieza do tempo que se faz sentir neste dia de Novembro dissipam-se com o rasgar de um sorriso e de um cumprimento caloroso. Se ao inclinar a cabeça o ar é bucólico, uma ligeira observação prende a minha atenção para me lembrar que, apesar do céu cinzento, cor é o que não falta. São cores quentes aquelas das pequenas construções empilhadas junto ao rio. Amarelo, azul, vermelho vestem uma paisagem urbana forte, ímpar.

Um pregão que soa, vozes mais altas que impossibilitam o silêncio.

Por altura de verões quentes a agitação reinava, hoje, ainda que menos movimentada por passantes deslumbrados, a cidade permanece com o mesmo sorriso rasgado, com o mesmo cumprimento caloroso.

A pronúncia acentuada, por vezes rude, trepida de cada rua, cada beco, cada recanto desta cidade, lembrando que a língua, como a gente, é vincada.

Dou por mim de corpo e pensamentos inertes, apenas extasiada pelos sorrisos, pelo cumprimento caloroso, pelas cores, pelo pregão e vozes que soam mais alto, pela pronúncia da cidade.

Sentada nesta margem vou bebendo em pequenos tragos, como se de um cálice de vinho fino se tratasse, cada pedaço deste pedaço de terra. Sentada nesta margem, vou ouvindo histórias, aquelas que o rio me quer contar.


Foto: da autora

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