sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


É tarde, a casa está vazia, nem vizinhos há para me fazer sentir a presença de alguém. O silêncio reina e toma conta de um corpo sozinho. Sentada no sofá observo lentamente o que está à minha frente e vou passeando num passado recente. Dou pequenos passos num caminho que se construiu tão rápido. Vejo laços soltos, muros que ruiram, pontes que surgiram. Tenho sede, a garganta demasiado seca para proferir uma palavra que seja. Bebo sofregamente dando água a um corpo seco, a um corpo vazio, a um corpo sozinho. O copo cai, parte e quebra-se o silêncio. É tarde e eu quero um corpo quente que aqueça este corpo sozinho e gelado. É tarde e quero companhia. A campainha soa e a companhia chega. Esperei tanto por ti, desejei tanto ter-te aqui. Fica por esta noite e a próxima também. Empresta-me os teus braços para que possa fazer deles a concha onde me fecho, o esconderijo onde só tu me vês, o refúgio que busco incessantemente. Empresta-me os teus braços, eu emprestar-te-ei os meus. É tarde e eu sinto este corpo não tão vazio aquecer lentamente. Vou deixando que o calor me embale devagar, vou deixando que o sono tome conta de mim. Era tarde, a casa estava vazia, o corpo sozinho...Obrigada por teres vindo.

1 comentário: