quinta-feira, 14 de junho de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Ainda estás aí?
Sinto-te oco. Sinto-te vazio. Sinto-te desligado do mundo. Estás estranho, não me lembro de te sentir assim. O que é que se passa? Fazes as coisas sem te importares. Parece que nada te vai fazer mal. Pareces indiferente. Quem te fez ficar assim? Nem parece teu! Tu que costumas estar tão cheio, tu que até transbordas, tu que tens sempre tanto para dar e vender. O que raio aconteceu contigo? Estás bem? E se agora eu decidir ir embora? Não te importas? Não ponderas as consequências? Acorda! Eu vou embora, não queres saber? Não sei se gosto mais de ti assim ou assado, mas até que tenho saudades de te sentir bombear com mais velocidade. Tenho saudades de te sentir quase que a rasgar-me o peito. Tenho saudades de quando me fazes tropeçar nas palavras. Hey! Estás aí? Estás mas continuas indiferente. Pois bem, mantém-te assim por agora. Deixa-te ficar oco, vazio, desligado do mundo que eu vou embora como se nada me fosse fazer mal.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Devíamos ser sempre crianças, porra!

Devíamos ser
sempre crianças, porra!
A simplicidade de
um sorriso ao receber um doce.
Fazer das cerejas
brincos.
Colar a boca nos
vidros. As caretas.
Atirar pedras ao
rio.
Sujar as mãos de
terra, de tinta, de cola.
A magia de um balão no céu.
O carinho no olhar ao ver aquela miúda que não
sabe que transforma a nossa barriga num campo de borboletas.
A imaginação de
quem corre campos de futebol e é sempre campeão.
A diversão com
uns simples saltos numa corda ou elástico.
A ingenuidade nas
palavras, nas perguntas (quase) sempre desconfortáveis para os adultos.
Os abraços
sentidos até ao peluche.
O interminável
desejo de que a brincadeira se prolongue no tempo.
A agilidade na
resolução de problemas que, na verdade, nem chegam a ser problemas.
A partilha de uma
goma, de um gelado, da caderneta do campeonato de futebol.
A oficialização
de um amor num pedacinho de papel.
O doce entrelaçar das mãos refugiadas por um casaco no banco do jardim, no banco do autocarro.
Crescemos. Perdemos
tudo. Porque é que não somos sempre crianças, porra?
domingo, 13 de maio de 2012
Cidadã do Mundo

Se uma parte de mim tem a força e a coragem suficientes para pôr a mochila às costas e cruzar todas as fronteiras do mundo, outra logo aparece e dilui essa vontade transformando-a na consciência de que há dependências que não me permitem fazê-lo...
Hoje estou num daqueles dias em que sinto que não pertenço apenas a este espaço. Estou num dia em que oiço a liberdade clamar por mim, como se de uma mãe a chamar pelo filho se tratasse. Tenho vontade de obedecer-lhe!
Apenas as raízes me prendem aqui.
(Apenas) laços ternos me prendem aqui. E que dependente sou desses laços e raízes...
Mas saber que há mais céus para voar, que há mais mares para mergulhar, que há mais montanhas para escalar, mais culturas para saborear, criam um desejo exacerbado de fazer de mim uma Cidadã do Mundo.
Há quatro anos atrás ouvi: "tens uma alma tão cheia e uma força tão grande que este país é demasiado pequeno para ti!". Continuo a achar que o que faz a minha força é a necessidade, o que é certo é que hoje tenho-a em dose suficiente para querer dar mais de mim ao mundo e receber aquilo que ele tiver para me dar.
Eu amo este pedaço de terra chamado Portugal, mas hoje, desculpa-me por ter coragem que chegue para pôr a mochila às costas e cruzar todas as fronteiras!
domingo, 11 de março de 2012
Uma vez amei, julguei que me amariam, mas não fui amado. Não fui amado pela única grande razão — Porque não tinha que ser. Consolei-me voltando ao sol e à chuva, e sentando-me outra vez à porta de casa. Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
Aberto Caeiro
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O meu orgulho
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Eu lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos fez nascer as rosas!
As minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
São sempre os que eu recordo que me esquecem...
Mas digo para mim: «Não me merecem...»
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha.
E também é nobreza não ter nada!
Florbela Espanca
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